Editorial

Rio Grande do Sul é lição para o Brasil

Os fenômenos climáticos severos deixaram de ser noticiados como algo raro para se tornarem recorrentes nas diferentes regiões do Brasil e do mundo.

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07/05/2024 às 08:25.
Atualizado em 07/05/2024 às 08:25

Até ontem, 83 pessoas morreram, 111 estavam desaparecidas e 129 mil tiveram que deixar as próprias casas (Foto: Carlos Fabal/AFP)

O drama no Rio Grande do Sul não é caso isolado e sim uma situação concreta, ampliada, de longa repercussão e de uma lição para a qual os brasileiros são convocados a tomar conta dela e leva-la a sério.

Os fenômenos climáticos severos deixaram de ser noticiados como algo raro para se tornarem recorrentes nas diferentes regiões do Brasil e do mundo. Mais ainda, o afrouxamento das regras de proteção ambiental para atender a pressão do mercado que, de modo geral, está interessado unicamente na obtenção do lucro com seus projetos chamados de desenvolvimento., amplia os riscos e se constitui em ameaças.

A trágica experiência do povo gaúcho deveria colocar todos habitantes do Brasil em posição de alerta e desencadear um firme posicionamento nacional em torno de um plano de ação para as áreas de risco, monitoramento severo dos projetos destinados às zonas de expansão das cidades, a defesa sem trégua das nascentes dos igarapés, das bacias hidrográficas e de enfrentamento ao lixo lançado nos rios, nos lagos, nos bueiros.

Isso para ter condições de ampliar iniciativas de prevenção e de proteção da vida diante de chuvas, enchentes e cheias intensas ou ausência de chuva, vazante e seca severas.

Até agora, a postura mais recorrente é, superado o momento difícil, passa a funcionar a tática do esquecimento até que outro acontecimento se instale, com todo o sofrimento que carrega, prejuízos, perdas e dores, numa prática danosa envolvendo representantes dos poderes, setores empresariais, de serviços e segmentos da população. No conjunto, a grande maioria mantém as atitudes que irão compor cenários de risco.

Cada vez mais o Brasil passa a conviver com fenômenos climáticos graves e, no que se refere ao saneamento básico, arrasta-se na tomada de decisão que represente sair de uma classificação vergonhosa. Áreas que não deveriam ser ocupadas, de modo algum, são tomadas para loteamentos, desvios inaceitáveis são feitos e normas são quebradas pelos votos dos legisladores em nome de outros interesses.

Que a dor de um estado inteiro não seja engavetada tão logo cessem as chuvas e sim simbolize a necessária reflexão por todos, principalmente pelos governos, os legisladores e o judiciário, a fim de que o conjunto de iniciativas reivindicadas ganhe corpo e se concretize e analisem com rigor os projetos desenvolvimentistas propostos, recomendados por grupos de investidores e quase sempre aprovados por quem legisla. 

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